quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Saudades



Músicas, cheiros, lugares, pessoas marcam nossas vidas. Pessoas, principalmente, nos fazem falta. Passei anos tentando entender porque aqueles que eu tanto amava tinham que ir embora e, não estou falando sobre a morte e, sim sobre uma sensação pior, na minha opinião, o distanciamento. Não sei se essa é a palavra correta mas, de qualquer forma, foi a palavra de encontrei no momento. Ouso dizer que esse sentimento dói "mais" que a morte pois é preciso lidar com a existência da pessoa, mas com a sua ausência na sua vida. Ainda não sei o porque, mas já consigo entender algumas coisas como amigos que se afastam, eles ficam em nossas vidas pelo tempo que precisam ficar. É duro se eles vão embora quando ainda não sabemos se a missão deles conosco já foi cumprida, mas aos poucos entendemos. Fica mais difícil quando isso acontece com um namorado/ marido, como é possível deixar de amar alguém que nos fez tão feliz em algum momento? Isso causa dor, muita dor.

Anyway, master mudei de assunto, eu só queria confessar que uma das melhores coisas que fiz na minha vida foi ter morado em Paris. O texto começou por causa da minha saudade daquela cidade maravilhosa, daquele povo elegante, daquela língua apaixonante. Como disse para minha amiga italiana uma vez enquanto andava por Verona, "Vocês não sabem a sorte que têm por morar em uma cidade tão bonita", e, talvez eu só consiga perceber isso por não estar acostumada àqueles lugares, nem Verona nem Paris. Mas, posso dizer que me acostumei. Me acostumei a andar por ruelas que não prometem nada e achar alguma loja fabulosa, acostumei a ver praças e parques o tempo todo, me acostumei a respirar arte e história por todos os cantos. Adorei morar sozinha, ser responsável pela minha vida e saber que eu consigo sobreviver, por mais difícil que seja, comigo mesma. Normalmente me perguntam como eu tive coragem de "perder minha turma da faculdade", "largar minha família" ou "perder seis meses da minha vida só pra estudar francês"... só posso dizer para essas pessoas: não perdi nada nem larguei ninguém. Aprendi muito e conheci pessoas especiais. Se pudesse?! Não teria voltado. Assim como não teria voltado da Austrália, assim como pretendo não querer voltar do meu próximo destino...

Na real, o que me motiva a seguir em frente é a saudade... a saudade que me dá esperança de que tempos bons existem.


Foto: apresentação de flamenco em Barcelona. Reveillon 2009 - saudade!

Um comentário:

Livia Gatti disse...

Sei que o texto tá ai faz um tempo, mas o comentário só veio agora.

A gente só vai porque sabe ter um porto seguro o bastante para poder volta. Mesmo que não pretendamos. (Pretendamos, existe isso?!)