quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Home alone

Certa vez, em alguma coisa de numerologia que eu fiz, me foi dito que enquanto eu não souber viver sozinha, eu não serei capaz de viver com ninguém. Mas, por mais que eu goste de ficar sozinha, tem horas que eu adoro estar com pessoas! (Ufa, eu sou normal) E, morando aqui, eu estou sendo obrigada a aprender a viver sozinha. Acredito que nada acontece por acaso, então, pro meu primeiro mês aqui eu tive os amigos mais incríveis do universo pra me ajudarem num período de adaptação. Fui pra milhares de baladas, conheci milhares de lugares, fiz amigos do mundo todo... O verão foi acabando, essas pessoas voltaram para seus respectivos países, e eu fiquei aqui, nesse meu sonho prolongado. Comentei essa semana com um amigo como me sinto uma estranha no ninho aqui em casa... Moro com mais uma menina e constantemente temos mais gente aqui em casa, mas eu não consigo me sentir à vontade no meio deles. Me apaixonei, mas por alguém que não mora nem no mesmo país que eu... Resumo: sou obrigada a me acostumar comigo mesma. Essa é provavelmente a lição mais valiosa que eu vou tirar desse tempo, mas acho que também será a mais dura. Meu problema não é estar sozinha, e sim, não poder estar com as pessoas quando eu quero... ou mehor, não ter pessoas com quem eu queira estar. Já passei por isso antes, acho que é absolutamente normal, mas desssa vez não tem nem a mãe, a irmã e a cachorra pra serem as figurantes. Sou eu comigo mesma e ponto final. 
Oh! Pobre menina rica?! Nunca. Sorte de uma menina que está tendo a oportunidade de aprender coisas que outras pessoas levam uma vida toda pra saber como é. Sorte de ter condição e maturidade pra aproveitar ao máximo essa viagem. Feliz de poder ter consciência disso tudo!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Viajando com Murphy

1 hora da manhã. Acabei de entrar em casa. Isso pq eu deveria ter chegado às 21h. Um final perfeito pra um dia que começou às 6:14 da manhã com o alarme de incêndio do hostel tocando. To acabada, mas se não expressar minha indignação agora não vou nem conseguir dormir! Vamos lá. Depois da minha querida insônia ter me acopanhado a noite passada inteira, acordei com o catzo do alarme de incêndio tocando! Lá vai Beatriz, e umas 500 outras pessoas, sair do hostel, no FRIO, de pijama e havainas, levando apenas minha bolsa (Marc Jacobs, não dava pra deixar pra trás!) e quse chorando por ter que deixar minha mala no quarto... Okay. Meia hora e 2 caminhões de bombeiro depois, NADA! Foi um ser humano que não tinha mais oq fazer no meio da noite, que resolveu quebrar o alarme pra brincar! Tá, estou em Londres, último dia, foda-se. "Acordei" 2 hrs depois, deixei minha mala lá e fui aproveitar o dia, que por acaso estava lindíssimo... Não consegui entrar em nada devido às intermináveis filas, mas rodei horrores pela cidade e conheci um monte de gente... Peguei minha mala (que estava pesando 13 kilos, pq a bonitinha comprou uns 4 livros gigantes...) e fui pegar o ônibus pra ir pro aeroporto. Beleza, cheguei 2 hrs antes, fiz meu check in e fiquei dando uma volta... O vôo deveria sair de Londres 18:55. De repente, avisto aquela linda televisãozinha piscando e dizendo que o avião está com horário previsto para as 20:10. Ótimo, eu sem dinheiro, com fome e com um iPod quase sem bateria... 19:20 - vôo previsto pras 20:30... 20:15 - vôo previsto pras 21h. Muita turbulência e caras feias depois, chego em Paris. RER pra cidade, com a mala quase estourando, no ombro, bolsa e sacola. Frio. Espera. Chinesas perdidas. 2 baldeações e 4 andares até chez moi. Ufa! Opa, lembrei que tô com fome... Aliás, lembrei que a última vez que eu comi foi no almoço, às 13h. To indo atacar a geladeira... 

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Soh pra deixar todo mundo curioso: aconteceu a cena de filme!
hehehe....estou em Londres, quando voltar pra Paris conto a aventura do dia...
Bisous

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Ensaio sobre a preguiça!

 Reclamo toda hora que não tenho oq fazer, mas isso é pura mentira. É tudo culpa dela, a preguiça, que me domina quase todos os dias. Paris, assim como São Paulo, tem milhares de coisas acontecendo o tempo todo, mas mesmo assim voltar pra casa depois da aula é irresistível, e quando já estou chez moi, sair de novo é praticamente impossível. Agora no inverno, a preguiça parece que chega pra ficar e não dar um segundo de paz. Tenho uma lista com aproximadamente 10 exposições que quero MUITO ir, mas cada dia tenho uma desculpa nova, e deixo pra depois... "Tudo bem, essa semana choveu muito, tava impossível de sair!";" Nossa, essa semana eu to gripada, o remédio dá sono"; "Patz, hoje tenho que arrumar a casa..." e por aí vai... Gostaria de ser uma pessoa mais disposta, mas acho que, talvez, isso seja genético, e serei assim pra sempre! Tenho preguiça de ir viajar, planejar o roteiro, fazer a mala, ir pro aeroporto, descobrir o que fica perto do que... Isso porque viajar é uma das coisas que eu mais AMO na vida! Ainda não tenho idade pra dizer que estou velha, mas parece que o cansaço está impregnado em mim...
Acho que por isso não consigo fazer regime, exercícios, manter meu quarto em ordem, ou ir para todos os lugares que eu gostaria... a preguiça é mais forte que todas minhas vontades... Tenho até um pouco de preguiça de mim mesma de vez em quando. Tenho preguiça de começar a fazer as coisas, mas depois de começadas, eu acabo adorando e me pergunto "Por que não fiz isso antes?!". Irônico demais pro meu gosto... Imagino que esse seja um mal moderno, nos acomodamos com o tempo, a rotina, o trabalho, amigos, namorados... e nesse meio tempo, a vida vai passando... passando... Um pouco irritante mas, preferimos reclamar do que resolver encarar essa droga de preguiça, e mandá-la pra longe. Triste, porém real pessoas...
Agora, preciso ir, pq tá me dando uma preguicinha de continuar a escrever......... =)

domingo, 19 de outubro de 2008

Sobre relacionamentos a distância...

Ficar longe de casa é difícil pra todo mundo, mas acho que é pior para aqueles que ficam. Pra quem vai, tudo é novo, cada dia é uma nova aventura, todas as pessoas são diferentes e potenciais amigos, cada situação diária é um desafio. O que acontece é que nada é novo pra sempre, portanto, nos acostumamos com a nova rotina. O mapa do metro, que era seu melhor amigo no primeiro mês, torna-se totalmente inútil, assim como o dicionário, o mapa e os guias da cidade. Agora você passa batido pelos monumentos, esquece a máquina fotográfica e nem liga pra isso... Quando isso acontece, sua nova cidade passa a ser sua nova casa, e você meio que esquece da sua antiga rotina, aquelas coisas parecem tão distantes que não fazem mais falta. Dai entra a dificuldade daqueles que ficaram lá. Enquanto estou aqui, conhecendo um monte de coisas, meus amigos e família do Brasil ainda se apegam a lembranças de uma rotina que pra mim deixou de ser real pouco a pouco. Tenho que tomar uma decisão quanto à minha volta, mas me pego pensando se devo ser egoísta, ou não. Acabei brigando (por esse motivo) com a minha irmã, que é simplesmente a pessoa mais importante da minha vida! Em compensação, conversei (sobre outras coisas) com duas pessoas que fazem parte da minha "nova vida", e tirei um peso enorme das costas, o que me deixou muito mais confortável aqui. Nesse momento me pergunto, e ai? O que vale mais a pena, aproveitar por alguns dias o resto da minha nova vida, ou voltar pra vida real de uma vez por todas?! Pra mim a resposta é óbvia, mas nesse momento, não sou apenas eu que estou nessa história, e tenho que pensar nos outros. Eu já fiz isso uma vez, e fui eu quem me magoei, mas será que vale a pena magoar os outros pela minha felicidade?! Parece estúpida essa pergunta, mas é o que tem tirado meu sono... 
Relacionar-se com seres humanos já é difícil, agora, estando longe, tudo piora. Apesar das maravilhas modernas, MSN, skype, e-mail..., nunca podemos esquecer que o contato visual e a linguagem corporal são coisas extremamente importantes numa conversa, e que sem isso, podemos entender as coisas de diversas formas, do jeito que nos melhor convier naquele momento. Detesto telefone, e sempre tive meus preconceitos com msn, mas atualmente eles são coisas que salvam, ou não, minha vida. Além do relacionamento a distância com aqueles que já conheço, tenho um com alguém que "mal conheço". Mais difícil e mais perigoso que os outros, esse relacionamento me deu diversos dias de dor de cabeça, que tenho certeza que a pessoa não tem nem idéia. Eu tenho uma imaginação incrível e mania de tentar interpretar todos os "sinais" mas, muitas vezes, acabo me convencendo de coisas que não existem em nenhum outro lugar, além da minha cabeça. De qualquer forma, acredito que as coisas só acontecem com a gente quando já estamos, de certa forma, preparados para encará-las. Pode parecer muito difícil no momento, mas faz parte da vida né minha gente? 

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Nostalgia

Estou gostando dessa coisa de ter um blog... Quem me conhece sabe, eu adoro escrever! Mas acho que só escrevo bem quando estou mal. É engraçado, mas parece que quando estamos  “sofrendo” nossos sentimentos são mais facilmente expressados. Lembro que na minha fase de “revolta contra o mundo”, logo que voltei do meu primeiro intercâmbio, eu escrevia com tanta paixão, tanta vontade de mostrar pro mundo tudo aquilo que eu estava sentindo, sofrendo... Parecia que tanta emoção não cabia dentro de mim! E, acho engraçado essa inspiração toda só acontecer quando estou triste, nunca em momentos de felicidade. Talvez porque esses momentos felizes sejam mais raros, portanto não quero dividi-los com ninguém! (Sim, sempre fui egoísta.)Quando eu era criança queria ser escritora, fazia meus “livros”, e tinha certeza que seria uma escritora famosa algum dia. Mas, acho que o tempo destrói nossas imagens infantis, e nos mostra que nada é tão fácil assim... Depois que cresci percebi que queria ser algum tipo de artista e, como escrever não era mais tão fácil, decidi ser estilista. Okay, dai vi que desenhar era muuuuuito mais difícil! Então, resolvi tentar a publicidade, mesmo não optando pela área de criação. Atualmente me encontro numa fase em que não sei catzo nenhum! Sempre que viajo espero descobrir um pouco de mim... mas, até agora, não descobri nada. E isso, como virginiana perfeccionista que sou, me deixa aflita. Queria me “achar” logo. Tenho inveja das pessoas que sempre souberam aquilo que queriam fazer... E, parece que nunca vou saber o que fazer... mas sei que isso é sofrer por antecedência, imagino que eu vou me achar em algum momento dessa existência...Até lá, fico nas minhas minhas tentativas, até o dia em que uma delas não será tão frustrada...

Voilá.


Hoje fui assistir "Blindness" (Ensaio sobre a cegueira). Já tinha lido o livro, e adorado, mas AMEI o filme! Lógico que me fez pensar mais sobre o comportamento humano, como esquecemos, às vezes, que somos animais e em situações extremas o instinto fala mais alto que o bom senso. Relações humanas são complicadas, o que aliás, me faz lembrar do filme que assisti ontem: "Bonecas Russas", de Cédric Klapisch. O filme fala basicamente sobre a dificuldade dessa brincadeira chamada amor... O personagem faz uma comparação com as bonecas russas, que continuamos a abri-las sempre imaginando qual será a última, mas não paramos de tentar. Boa definição pra vida de uma forma geral, penso eu, já que sempre estamos atrás de alguma coisa, buscando aquele dia em que estaremos satisfeitos. Dia, esse, que provavelmente não existe, considerando que sempre que alcançamos alguma coisa já temos novos objetivos pela frente. Tá, eu sei, é o ciclo da vida, mas me pergunto se alguma coisa nessa brincadeira toda faz sentido... Eu sempre quis morar sozinha, em Paris e aprender francês. Voilá, cá estou, mas mesmo assim não me sinto realizada. Agora falta alguém, falta eu me sentir bem comigo mesma, falta sentir que estou fazendo algo de útil. Não sou idiota de pensar que tudo que estou vivendo aqui é em vão, mas sinto falta de certas responsabilidades, como ir pra faculdade ou trabalhar. Vou pra escola toda manhã, e depois das 13h parece que a falta doq fazer me enlouquece. Provavelmente vc que está lendo isso e tem um suuuuuper trabalho da fac pra fazer, ou um monte de coisas no trampo, deve estar pensando que eu realmente surtei e quando voltar praí minha primeira visita será ao psiquiatra mas, imagina não fazer nada......................................................nada.........................................................nada..................................
Enche o saco, pq afinal existe aquele tal de ciclo da vida já citado anteriormente, e estando aqui parece que eu escapei dele, tirei férias da minha vida real, vim pra um sonho e tenho que ficar esperando até acordar e recomeçar tudo de novo... Gente, não estou reclmando, que isso fique bem claro! AMO morar aqui, ando na rua parecendo uma idiota sorrindo pra todos as crianças, velhos e cachorros!!! Estou apenas comentando como tudo aquilo que a gente reclama tanto pode fazer falta, e nós nunca paramos pra pensar nisso pq estamos ocupados demais. Acho que se tivéssemos férias o ano inteiro não iríamos aguentar, pq o ócio é muito mais pesado e chato do que a gente imagina. Bom, vou parar com a enxurrada de pensamento "filosóficos" e voltar a contar do meu dia....
Saí do cinema e fui pra mais uma incrível caminhada por Parisland... Cada dia escolho um lado da rua pra andar até o fim, e estou descobrindo tantas coisas! Sem idéia... Coisas que provavelmente passariam despercebidas se eu não tivesse tanto tempo livre (voilá, a parte boa da falta doq fazer). Estava passando por uma praça e tinha uma exposição de fotos de esportes, incroyable! Fiquei com muita vontade de melhor meus dotes fotográficos, que aliás, já fiquei muito tentada durante minha trip pra Barcelona (considerando que eu estava com um fotógrafo profissional e um 'amador'). Yuyu, vc vai me dar aulas quando eu voltar pra sp, prepare-se! =)
Que mais de útil... AH! Fui fazer compras, mas não pra mim, pro meu petit irmão mais lindo do mundo! Entrei numa ZARA Kids e quase morri de tanta coisa fofa em miniatura! Comprei umas coisas lindinhas, mto mignon!! To loca pra conhecer essa criaturinha nova... Meio triste não poder conhecê-lo ao vivo, mas acho que ele vai me perdoar quando crescer! hehehe
Ai,ai,ai... Cansei. Não gosto quando fico escrevendo por escrever... E, acho que isso já ta ficando chato demais... Donc, me despeço por aqui...
Au revoir!

(Foto: Sagrada Família, Barcelona)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Me irrita...


Acho que faz muito tempo que eu não escrevo, então, fiquei com vontade de postar aqui de novo... Provavelmente esse texto não vai fazer sentido algum pois serão pensamentos soltos, tipo uma análise mesmo... E, vc que está lendo, pode se considerar meu analista. (que dó de vc.) Se não entender nada, ou não estvier afim de ver o monte de loucuras dessa menina, pode parar de ler agora mesmo. 
Trilha sonora do momento: Coldplay "nobody said it would be so hard...I'm going back to the start". Acho que não acho muita coisa dessa vida, e isso às vezes me irrita um pouco. Aliás, muita coisa me irrita muito, o tempo todo, e isso me irrita profundamente. Na minha sala de aula tem 4 garotas colombianas que me irritam, simplesmente por serem diferentes demais. Não é a diferença que me irrita, na verdade é a falta de interesse, as críticas à Paris o tempo todo, reclamações constantes, o fato delas rasgarem as folhas que recebemos durante as aulas assim que bate o sinal, a falta de respeito com os professores e com os outros alunos, a miopia delas de não terem noção da oportunidade que estão tendo podendo viver aqui. É, isso me irrita muito, pessoas que vêm pra cá e não procuram se habituar ao novo. Eu me pergunto, qual será o motivo delas terem vindo tão longe se não querem aprender nada?! A maioria das pessoas que conheço aqui, brasileiros, mexicanos, colombianos e venezuelanos preferem se fechar em seus grupinhos nativos e não se misturam nem com os outros "latinos". Durante meu primeiro mês eu fugi de todos eles, o tempo todo, e posso dizer que fui muito bem sucedida, e que foi meu melhor tempo aqui até agora. Tudo bem, não falava francês o tempo todo, pois saía com alemães, suíços, italianos e holandeses que falam muito bem inglês, portanto era muito mais fácil pra todo mundo se comunicar em uma língua mais conhecida. Mas, pelo menos eu estava conhecendo novas pessoas, tão diferentes de mim, mas que me ensinaram muito dos valores delas, de seus países, de suas culturas. Tá vendo, não é a diferença que me irrita, é a indiferença. Depois que esses meus amigos do primeiro mês foram embora fiquei meio sozinha, porque prefiro descobrir uma cidade diferente todo dia do que não descobrir nada. Prefiro sair andando sem rumo e parando onde eu quiser, do que ficar sentada num pub cercada de gente que não vai me acrescentar coisa alguma.
Outra coisa que me irrita é ter pouco contato com as pessoas daqui... Por eu gostar tanto de conhecer culturas diferentes não entendo como eles não possam se interessar por conhecer pessoas que vieram de tão longe, de países tão distintos. No prédio que eu estudo existe uma faculdade (com franceses de verdade!), mas eles preferem nos olhar e dar risada, como se fossemos uns seres bizarros e ignorantes que estão lhes incomodando simplesmente por estarmos respirando o mesmo ar que eles. Eu tenho ótimas experiências quando falo com as pessoas em lojas, restaurantes, meus vizinhos, etc, mas os jovens são muito preconceituosos... Isso me deixa um pouco triste, mas não posso fazer nada a respeito... Continuo com minhas andanças por Paris, torcendo pra que um dia aconteça uma cena de filme comigo e eu conheça uma pessoa incrível sentada num café, no metro ou esperando que a sessão do cinema comece. Enquanto isso não acontece, sigo com minha vida parisiense, até demais... sozinha, até demais... Pensando, até demais...

Lição 1: limpando ralos (mas, em paris)


Decidi criar esse blog pra poder contar minhas aventuras parisienses... A idéia me ocorreu alguns minutos atrás, quando eu fui tomar banho e meu box se tornou uma banheira. Diagnóstico: ralo entupido. Plano de ação: Beatriz teria que limpá-lo. Enquanto fazia essa linda tarefa de retirar cabelos de um ralo (para melhor visualização dos leitores: eu, de luvinhas de borracha laranja, fazendo cara de nojo e quase vomitando), me lembrei de todas as pessoas que me dizem diariamente que têm inveja de mim, por eu estar morando aqui. Imaginei que elas iriam agradecer cada segundo suas residências, com suas empregadas e seus zeladores, se estivessem no meu lugar nesse momento. Aliás, duvido que alguém morra de inveja de ter que tirar lixo todo dia, lavar louça 3 vezes ao dia (pq os pratos realmente são como coelhos, se multiplicam na velocidade da luz!), de ter que ir ao supermercado a pé, de morar no quarto andar sem elevador (e, subir com aquelas compras do supermercado!), de não ter secadora nem guarda roupas, de pegar metrô lotado todo dia, de tomar chuva pq os taxistas se recusam à te levar até sua residência pq desconhecem o endereço...
Realmente, apesar de tudo isso, óbvio que tento me lembrar o tempo todo que estou em Paris, e é fácil quando estou andando pela rua e vejo todos esses prédios fofos com flores nas janelas, vejo as folhas caindo pq estamos no outono, compro meu almoço e vou comer no Jardin de Luxembourg, fazia pic nics à beira do Sena, sento em um café e fico observando as pessoas na rua...vou à exposições incríveis o tempo todo, vou pra todos os cantos de metrô e pego um avião e em duas horas estou em qualquer outro país incrível!
Paris é Paris... mas o sonho não é tão constante quanto eu sonhava... O sonho é vida real, e vida de gente grande, vida que eu não conhecia até então. E, como todas as vidas, às vezes dói, faz sofrer, angustia e me deixa ansiosa pro dia acabar logo... Mais, c'est la vie! E, venhamos e convenhamos, sofrer em Parisland é muito mais chique... =)